domingo, 8 de dezembro de 2013

Oi. Oi? É assim que a gente deve começar um diálogo que não se sabe o desfecho? Saí andando de casa até aparecer aqui. Na porta da sua. Mas não tocarei a campainha até eu ter certeza de que eu devo começar nosso diálogo por ”oi”.

”Olá”, talvez. Olá é um bom início? Acabou de passar uma moça baixa aqui na frente e questiono se não seria melhor eu perguntar algo à ela. Algo do tipo ”oi, se você fosse um homem, quereria começar uma conversa por ”oi” ou ”olá”?” Eu não sei o nome dessa moça, mas ”oi” parecia um bom começo pra ela, pra nós duas. E, assim, eu continuaria atrasando o inevitável.

Porque, independentemente do oi ou do olá, eu continuo escrevendo um texto pra você sentada na porta da sua casa. Como você sempre deve ter estado enquanto minha obsessão era maior que minha própria consciência. Me desculpa.

Eu pensei em terminar esse texto me desculpando. Mas no fim, quero ter a possibilidade de um começo e não posso pensar nele me atrelando ao passado.

E assim eu continuo enrolando nossa história como sempre fiz. Como um novelo. Como cheiro de bolo queimado que é forte e demora dias pra sair de casa. Porque eu nunca disse que não gostei de você, moreno. Pelo contrário. Gostei e fui estúpida o suficiente de não perceber que você era pra mim e eu pra você naquele dia de chuva no carro, naquela balada que você percebeu meu furo no queixo, naquela vida que poderíamos ter curtido se eu tivesse percebido. Porque, eu não viria até a porta da sua casa se não tivesse a certeza de tudo o que eu poderia te dizer.

Eu não estaria na portada sua casa se eu não soubesse que eu sou louca por você desde a primeira vez em que nos vimos. Não estaria aqui se o homem que me provoca das formas mais sublimes não morasse do outro lado do portão. Não estaria aqui se eu conseguisse terminar uma frase olhando pro seu sorriso. Eu não conseguiria estar aqui se eu não quisesse dizer todos aqueles ”eu amo você, fica bem” que já disse em todas as nossas ligações. Eu não sei mais lhe dizer palavra nenhuma. 

Repeti ”eu” porque sei que a maior culpada é a repetida. E a minha maior tristeza é pensar que a repetida sou eu. Culpada de novo. Culpada, também, por não conseguir tocar a campainha por não conseguir ouvir um não, mas aterrorizar-me-ei com um sim.
Então…

Me deixa entrar?