Cadê o cheiro podre e amadeirado do seu perfume
que eu esqueci dentro da minha pistola emocional? Bala de aromas, que grande
ideia quando se trata de atordoar alguém! Madeira podre que tem o cheiro
daquela vez em que nos encontramos. EDPRO! Pedaço de árvore tão podre que
cheira a saudade, que eu inalo junto com o sarrafo que você era e que agora
deixou de ser.
Já que com o seu çávuár fér (ou devo dizer
savoir-faire?) sua ''sarrafice'' abandonou a característica de estreita e
passou a adquirir corpo, forma e conhecimento; sua estrutura antiga teve de se
modificar com tanta mudança que eu já não sei se converso com aquele aroma
amadeirado de um antigo casaco ou se falo com uma sebe que esconde o real aroma
dentro de si. Aí de dentro da sua floresta, você me ouve pedindo edpro?
Acho que meu perfume de rosas combinaria com
seus galhos secos que exalam nostalgias. Todas minhas. E é por aí que eu penso
que poderíamos estar essencialmente ligados para sempre. Minhas roseiras
harmonizam a sua sebe e juntos ficam tão bem. E de todos os campos floridos que
o rodeiam eu sei que posso não ser o mais florido, mas me adéquo à você. Porque,
apesar dos termos franceses tudo o que estou tentando dizer é que você é tão
habilidoso comigo. Você me modela do jeito que quer.
Eu sou o símbolo da paixão enquanto você é
erudito. Árvore velha, troncos fortes e sabidos (não sei se sabichões não seria
mais o seu estilo). Sabem tanto que conhecem exatamente onde tenho espinhos e
onde floresço. Como sabem que completamos primaveras juntos e que é só o sol
nascer e seus galhos se abrirem para eu florescer. Mas duro pouco, você sabe, e
toda vez que floresço FLnasce um novo espinho em mim. Espinho este que se
transforma em sorriso quando eu o vejo. Me entende –como sempre-, é
extremamente difícil personificar uma flor quando não há possibilidade de
demonstrações simbólicas, como um sorriso ou um olhar. Várias rosas nasceram
dentro de mim no instante em que você abriu seus lábios e mostrou os dentes;
assim como milhares delas floresceram quando me beijou.
O engraçado é que se passam anos e as árvores
continuam as mesmas, você continuou o mesmo – apesar das longas cercas que eu
encontro quando me inclino para observar seu olhar –. O tronco é o mesmo e o
toque independe do momento em que misturamos aromas, nunca deixou de ser o
mesmo, e seu.
Quem sabe um dia você seja capaz de dar uma
chance para as minhas roseiras e as deixa completar sua sebe? Você poderia
parar de personificar o feminino da sua graça e se misturar com aromas doces
que só querem harmonizar seu dia. Como uma literatura barata, de fundo de
quintal, esta mesma que faço. Porque, às vezes, seus galhos secos e cansados só
estão pedindo uma rima.