quinta-feira, 20 de novembro de 2014

(Há) Mar (ao) Norte, (my) Love.

Eu poderia começar com uma boa (e muito bem fundamentada) teoria da conspiração sobre como as coisas não acontecem da forma planejada ou como tu caíste nessa trilha tortuosa.

Mas prefiro começar dizendo que tu me encantas. Assim, em segunda pessoa do singular, tu és único e dois ao mesmo tempo. Boca roxa, olhos de Capitu e camisa suada. Foi assim que começamos e eu não podia esperar por início melhor e, apesar da minha dificuldade em descobrir o que se passa nesses teus olhos de ressaca, eu não consigo parar de observá-los. Não consigo parar de tentar fazer tu rir só pra eu me apaixonar um pouco mais pelo teu sorriso. Encantada que estive (e estou), tropeço nos mínimos objetos e eu juro, não foi graça, mas o faria outras 10 vezes se em cada uma delas tu repetisse o teu sorriso.

Sorriso este pelo qual me apaixonei. E digo isso de boca cheia e coração transbordando. Eu sou encantada pelo homem que vi. O homem que, curiosamente, me fez descobrir que eu não preciso não ser eu pra alguém rir das minhas piadas. Prensou-me na parede e não me deixou outra escolha a não ser me entregar àquele sorriso. Àquelas mãos. Ao ofegar de cada parada. Os dedos mordidos, o colo descoberto e os lábios melados. A certeza dos teus atos com a timidez dos meus. Relaxa. Quer que eu pare? Os lábios soltos, quase numa súplica. Na verdade, não. Boca, língua, suor, vermelhidão e toda a tua beleza enquanto eu te segurava nas minhas próprias mãos. Parada, e meus dedos descobrem o teu fundo no peito. Desses que achamos horrorosos em pessoas comuns, mas tu, tu não conseguiu ser comum. Ri. Por que está rindo? Porque sim. Mal sabes tu que eu beijaria tua boca pra sempre, se me deixasse. Cafuné e teu rosto, assim como os teus olhos, de ressaca e tão profundos que mergulhei de cabeça e não encontrei chão.

Tu riste de mim e eu só soube sentir vergonha da minha vulnerabilidade. Abri mais que a minha camisa azul pra ti e não soube como guardar de volta o que pulou pra fora, era quase uma caixa de Pandora. Jorraram as minhas piadas, a minha falta de senso de direção, a minha delicadeza e o meu riso frouxo mas, quando fechei, sobrou tudo o que sinto por ti. Tô jogando num papel o que tranquei dentro de uma caixa com as minhas lembranças tuas. Com tudo o que pensei que era inexistente pela falta de tempo que tivemos, my love. Faltou tempo mas não tato, olfato, paladar e todos os outros sentidos que aguçam meu pensar em ti.

E junto com todos os sentimentos que não entendo em relação a ti. Mas, como disse, eu não tive escolha. Eu não soube como parar toda essa bagunça que tu deixaste depois de Jorge Ben clamando por Tim Maia por causa daquela escada, disco voador, o ‘beijo quente’ da sua amiga que, no caso, era eu.

Houve um dia, uma semana, uma espera e uma ansiedade quase que moldada para pousar meus olhos nos teus. Que, estranhamente, trajavam nova roupa. Não vi ressaca e muito menos sei o que vi. E, apesar de sabermos o que houve naquela sexta-feira, eu não posso me culpar por um ato teu que me fez sentir aquele mesmo chão que perdi nos teus olhos. A realidade dói, my love, e me puxou pelas pernas com correntes de aço quente.

Utilizei uma parte inteira pra falar do meu encanto. Que, na verdade, é a parte mais importante de tudo o que tenho pra te dizer. Sobre o mar, my love, o mar vai te levar pra onde tu quiseres ir. E ele começa te levando pra longe do encantamento que tive. Tu és um homem de tantas qualidades que eu simplesmente não posso te dar um motivo pra ficar. Tu não deve ficar. Tu deve ir, marinheiro! Tu deve ser feliz. O mar do Norte fica logo ali e está a espera de ti pra mostrar-te o futuro brilhante que tens. Não deve me conter nele, mas o que se pode fazer? Ainda assim, eu não sei o que esperar do Mar do Norte, mas, assim como a ressaca dos olhos de Capitu que encontrei nos teus, eu espero que ele se movimente de modo a te trazer pra mim de novo.

O Mar do Norte, my Love, vai e vem. Mas o que vivemos, meu amor...

Permanece.