segunda-feira, 26 de julho de 2010

Amanda.

-Eu fazia textos - Disse ela, pensando em qualquer outro assunto para se aprofundar, qualquer um, menos esse.
-E por que não faz mais? - O garoto dos olhos intensos e azuis parecia realmente interessado no que a tal menina envergonhada iria dizer. E tocou o rosto dela, num gesto claramente ingênuo. Ela recuou, meio que assustada, meio que tensa, e disse fitando o chão:
-Eu costumava escrever quando estava apaixonada, realmente apaixonada. Daí a realidade me pegou de jeito, e eu nunca mais fui a mesma...
-Ninguém precisa viver na realidade, basta querer sair dela. - E pegou a mão dela, no mesmo momento a doce menina começou a ficar rosada no rosto. Ele deu uma pequena risada- Você fica linda toda envergonhada, o rosado combina com seus olhos.
-Agradeço, mas eu te peço pra não fazer isso de novo, por favor. - E em um movimento rígido, de má vontade, ela tirou sua mão do abrigo das dele e deu um suspiro alto.
- Eu fiz alguma coisa? - Existia agora malícia no olhar dele, e ele pareceu não se importar.
- Não, Rafa. Só... fica longe de mim! Eu não suporto isso, e dá pra parar com esse olhar malicioso?! Parece que você quer me comer com os olhos, que coisa mais imprópria, para as coisas que você acabou de me falar! Eu só não quero, não quero você por perto. Eu posso... - Nesse momento ela parou, compreendendo o que havia acabado de fazer. Neste momento ela se transformara em outra pessoa. Apenas abaixou os olhos, pensando no que dizer para se safar de tudo isso.
-Você pode o quê? Isso eu devo saber. - Um tom sério tinha tomado o som da sua voz, ele a olhava fixamente, mas agora com atenção. E finalmente ela disse, com sua voz diminuindo a cada palavra que pronunciava:
-Eu posso me apaixonar. - Olhou para o chão, talvez ali haveriam vestígios de um buraco, era só bater bem forte com a cabeça ali e ele apareceria. Mentira, ela estava sem saídas. Ele apenas sorriu, um sorriso sincero e mais branco que placas de gelo em um escuro breve. E ela amava aquele sorriso.
-Eu poderia me apaixonar, também. - E nisso ele a pegou pela cintura, lhe olhou com os olhos mais sinceros e profundos possíveis e ali ficaram, se olhando, se abraçando, e percebendo que aquele momento só acabaria quando eles quisessem. Ou quando ela percebesse o que estava fazendo.
- Ah, meu nome é Amanda, obrigada por não me machucar nos primeiros cinco minutos, eu realmente espero que isso dure mais.

O nome dela era Amanda, amada, amando, re-amando.

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