terça-feira, 17 de novembro de 2009

Shakespeare tem razão

''No entanto, para dizer a verdade, hoje em dia a razão e o amor quase não andam juntos. "

Foram exatamente estas palavras das quais eu me lembrei, deitada na minha cama, olhando para o teto. Como se fosse me deliciar com algo vindo do céu. Um anjo, talvez. Você. Vida, alegria, sorriso? Eu não tinha mais conhecimento sobre essas palavras. Diziam ser minha maior característica, no passado, talvez. Não agora. Era tudo muito novo. Muito diferente... Onde estavam todas aquelas estacas das quais você mesmo fez para cravá-las no meu peito? Onde estavam todas aquelas palavras mentirosas sobre o que eu poderia ser, ou como eu poderia me sentir? Essas palavras não existiam. Simplesmente eu me contentei com o gosto doce, delicioso e vicioso das suas palavras. Vício. Paixão. Amor. Afeto. Razão. Faz algum sentido pra você? Pois para mim fazia. Tudo fazia sentido. Shakespeare, no entanto, tinha mais conhecimento do meu próprio eu que até eu comecei a pensar se Shakespeare sabia o que falava quando se dirigia ao amor. Sempre diz ser algo intenso, forte. Mas, amor magoa, amor machuca. Assim como me machucou. Então, será que Shakespeare tinha mesmo um sentido em todas as suas palavras? Eu cheguei a um impasse. Shakespeare sempre fora meu único ídolo, Romeu e Julieta, a maior peça já escrita. A peça mais bonita, com as cenas mais tocantes, fazendo assim qualquer coração de pedra derreter-se em lava em segundos. Todas aquelas promessas de amor, aqueles choros que não se podem ser descritos. Eram tão reais. Tão nítidos. ''Olá, século XXI'' Me veio à cabeça. E eu voltei ao mesmo ponto. Você veio para me magoar. Você não caiu do céu. E Shakespeare sempre será um ilusionista. Porque talvez, no fim, você ainda poderá cravar essa estaca no meu peito. Não vai doer mais do que já dói. Não vai ser mais dramático. E você não precisará morrer por mim.

2 comentários:

  1. Teus textos são lindos demais, sinto até inveja. É sério, não tô brincando. São perfeitos.

    Deixei de ser preguiçosa e comentei aqui, Mavi. E queria te avisar que todas as suas palavras explicaram exatamente o que eu sinto ao passar dos dias — ou costumava sentir. Por que temos que ser tão parecidas? Hahah. Amo você.

    (A Lucy está dormindo, então a Dry veio comentar.)

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  2. Incrível seu texto! Essa modernização e adaptação da visão do amor por Shakespeare ficou incrível! Parabéns mesmo :D

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